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Criação, Desenvolvimento e Implementação da Solução Digital “Semiologin”

Superando os Desafios do Ensino de Semiologia e Medicina Interna.

EDITAL DE PROJETOS 01/2022

Objetivos

O objetivo geral deste projeto é criar, desenvolver e implementar o protótipo de uma solução digital que catalise o processo de ensino e aprendizagem da semiologia e da medicina interna tendo como público-alvo os estudantes de medicina do terceiro ano que estejam cursando a disciplina de semiologia. Os objetivos específicos deste projeto são: i. Criar uma solução que facilite o aprendizado do aluno e a racionalização da prática semiológica; ii. Deixar mais fluido, natural a construção do raciocínio clínico; iii. Criar uma solução que viabilize o aprendizado mais crítico de semiologia baseada em evidência; iv. Contextualizar o aprendizado da semiologia baseada em evidências a partir de uma realidade epidemiológica nacional; v. Influenciar o desenvolvimento de novas tecnologias para o incremento educacional; vi. Colaborar para a melhoria da formação de discentes.

Escopo

MATERIAL E MÉTODOS Das bases pedagógicas da solução Nossa solução digital tem como objetivo radical o aprimoramento individual e desenvolvimento de habilidades de raciocínio clínico dos usuários. Para tanto, utilizaremos a estratégia de gamificação. Com isso, uma característica que normalmente aparece em jogos é modificada para um contexto distinto, como o contexto médico, pretendendo motivar ou tornar uma tarefa mais prazerosa. Abstraindo a partir deste princípio, nossa solução digital pretende oferecer ao aluno de medicina um caso clínico que em sua raiz nada mais é do que um jogo cheio de desafios e tomadas de decisões. Os desafios propostos pelo protótipo apresentam como público alvo os alunos de graduação do curso de medicina que já iniciaram o terceiro ano da Escola Paulista de Medicina. Posteriormente, o aplicativo poderá ser utilizado por outros estudantes do curso de medicina de outras instituições de ensino. Os casos clínicos terão o objetivo de instigar o usuário a elaborar hipóteses diagnósticas, realizar raciocínio clínico e tomar decisões de impacto na condução do caso. O usuário da solução deverá elencar e organizar os dados tendo como ponto de partida a semiologia baseada em evidências. A avaliação minuciosa dos parâmetros de avaliação clínica sob o olhar estatístico do médico permite definir o real peso de cada dado semiológico obtido pelo estudante. De fato, esta abordagem minimiza impressões subjetivas e outros vieses na elaboração de hipóteses. Este fenômeno só se tornou possível graças à atribuição de valores de sensibilidade e especificidade a cada um dos sinais e sintomas identificados na avaliação clínica. Em nossa solução digital, o aluno deverá observar atentamente à anamnese e ao exame físico, hierarquizando conforme a evidência de impacto subjacente ao respectivo dado. O usuário deverá reconhecer técnicas de exame clínico com baixa probabilidade de acerto, bem como aquelas informações comprovadamente mais eficientes em estabelecer um diagnóstico. Ao final da trajetória do usuário na solução digital, esperamos que, para além da perspectiva histórica da propedêutica clássica, o aluno esteja familiarizado com conceitos de semiologia baseada em evidência, tais como sensibilidade, especificidade, likelihood ratios, e probabilidades pré- e pós-teste de cada um dos sinais e sintomas. Esperamos que nossa solução ajude o aluno a desenvolver a capacidade diagnóstica do exame clínico e avance no sentido de construir um olhar crítico sobre a tomada de decisão e conduta médica. Do conteúdo e layout da solução O aplicativo pretende apresentar em sua tela inicial três barras: a primeira para acessar casos clínicos, a segunda para acessar um acervo com materiais (por exemplo textos e vídeos) e a terceira para acessar uma sessão de dúvidas mais frequentes. Com a finalidade de promover um aprendizado sequencial e cumulativo, após a resolução dos casos clínicos, novos desafios serão liberados ao usuário com conteúdos já vistos anteriormente e novos. Em caso de escolhas não satisfatórias, o aplicativo devolverá um feedback da resolução, com dicas em formato de texto ou vídeo para ajudar nas próximas tentativas. Ainda no espaço de casos clínicos, será possível escolher diferentes cenários: ambulatorial, pronto atendimento, enfermaria e UTI, promovendo uma simulação mais diversa dos possíveis ambientes da medicina interna. Além dos casos criados inicialmente pela equipe desenvolvedora do aplicativo, poderão ser futuramente anexados novos casos pela equipe e usuários, que serão avaliados por revisores, como, por exemplo, docentes e especialistas. Já na área do acervo, o usuário poderá acessar resumos das principais doenças da Medicina Interna e Semiologia e atualizações da área. A biblioteca virtual contribuirá com, por exemplo, textos, vídeos e imagens sobre os principais elementos do exame físico. Por fim, haverá uma sessão de dúvidas mais frequentes sobre o uso do aplicativo. Como o aplicativo ainda está em desenvolvimento, tanto o layout como conteúdo da solução podem sofrer eventuais alterações durante sua implementação no decorrer deste projeto. Da estratégia de desenvolvimento da solução O protótipo será desenvolvido com a plataforma mobile híbrida Flutter e disponibilizado para a plataforma Android. Tal plataforma permite a criação do aplicativo de maneira mais dinâmica e facilita tornar a ideia em um aplicativo mais rapidamente sem sacrificar as funcionalidades, qualidade e desempenho da aplicação (16). De tal forma que o Flutter irá permitir que se alcance mais alunos com menor custo e maior velocidade no desenvolvimento quando comparado com a forma nativa usual, que requer mais recursos, maior curva de aprendizado e a necessidade de maior tempo de desenvolvimento (17). O processo de criação será realizado pelos discentes da Liga Acadêmica de Medicina Interna sob mentoria dos docentes da Disciplina de Clínica Médica e Medicina Laboratorial da Escola Paulista de Medicina - UNIFESP. Os códigos do projeto serão armazenados em uma plataforma de código aberto, visando o versionamento, revisão e manutenção dos códigos pela equipe envolvida. Após a finalização do protótipo, ele será disponibilizado apenas aos participantes do estudo através de uma plataforma que o disponibilize facilmente para download, como, por exemplo, no site de versão de testes da Google Play, que permite acesso a aplicativos não lançados (18). Os dados de casos clínicos utilizados na aplicação serão fictícios e armazenados, junto as informações do usuário, em um banco de dados e de acordo com LGPD (lei geral de proteção de dados). O desenvolvimento do protótipo utilizará o método SCRUM, uma metodologia ágil para gestão e planejamento de projetos de software. A equipe realizará ciclos (sprints) com entregas parciais, revisões do andamento do projeto ao término de cada ciclo (sprint review) e reuniões de toda a equipe para definir os próximos ciclos (planning). Além disso, durante o uso do aplicativo pelos discentes e docentes, dados de uso serão armazenados para avaliar o desempenho e dar feedback acerca do avanço dos alunos. Na implementação será utilizada a ferramenta Google Analytics, que permite mapear ações dos usuários e gerar dados de uso. Tais dados podem ser utilizados em pesquisas científicas para verificar a aplicabilidade da solução, como também expor pontos para melhorias. Da validação do protótipo e análise dos resultados Este estudo será submetido ao comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal de São Paulo. O protótipo também irá contemplar a ISO 9241-11 (NBR 9241-11), que define a usabilidade e deixa claro os benefícios de mensurá-la em relação à eficácia, eficiência e satisfação do usuário (19). A avaliação heurística é o método para análise da usabilidade entre a interface do sistema e o seu usuário, em que o objetivo é encontrar problemas de usabilidade em um design de interface (20). Considerando os pontos acima (norma ISO e avaliação heurística), é previsto que a equipe de tecnologia da Universidade Federal de São Paulo e a equipe da Agits (agência de inovação tecnológica e social) realizem a validação de conteúdo e análise heurística do protótipo. Com a primeira versão do protótipo finalizada, ofereceremos o acesso a docentes da disciplina de semiologia e a 20 alunos do terceiro ano do curso de medicina matriculados regularmente na pró-reitoria de graduação da Universidade Federal de São Paulo que estejam cursando a disciplina de semiologia. Os participantes do estudo serão minuciosamente informados sobre os objetivos da solução digital. Aqueles que concordarem participar, serão submetidos ao termo de consentimento livre e esclarecido. Dados demográficos dos alunos e docentes participantes serão coletados conforme os questionários em anexo (anexo 1 e 3, respectivamente). Será sugerido que estes utilizem a solução por 30 dias livremente. A solução digital também obterá dados relevantes para avaliação da usabilidade, tais como tempo de tela, quantidade de acertos de diagnósticos, quantidade de erros diagnósticos, número de tentativas, tempo utilizado em cada passo do uso do aplicativo, como também serão coletadas a impressão pessoal de cada aluno e professor após o uso. A opinião dos alunos e docentes será avaliada por meio de um questionário de avaliação (Anexo 2 e 4, respectivamente) que se utiliza da escala de cinco pontos de Likert (discordo plenamente, discordo parcialmente, indiferente, concordo parcialmente e concordo plenamente). Serão realizadas perguntas sobre as características técnicas do aplicativo, tais como qualidade da imagem, do áudio e a navegação pelo ambiente digital. Por fim, serão realizadas perguntas sobre: a disponibilidade do aplicativo e o interesse dos alunos sobre os temas abordados e, aos professores, perguntas sobre o interesse do uso de tecnologias educacionais e o quanto o aplicativo auxilia no aprendizado dos alunos. Como também haverá um campo aberto para sugestões dos alunos e professores. Ao final dos 30 dias de livre uso pelos alunos e docentes, os dados serão tabulados em planilhas formando banco de dados de variáveis relacionadas ao sucesso diagnóstico e suas impressões. Estas variáveis serão quantificadas e comparadas aos dados coletados previamente no questionário. As variáveis serão analisadas descritivamente quanto à caracterização dos participantes, os resultados dos questionários de avaliação e os dados obtidos pelo próprio aplicativo. Para as variáveis quantitativas, esta análise será feita através da observação dos valores mínimos e máximos, do cálculo de medianas, médias e desvios padrão. A comparação entre características dos participantes e suas opiniões será realizada utilizando-se o teste t de Student caso a distribuição das variáveis demonstre distribuição normal, ou, quando a distribuição não for normal, será utilizado o teste não paramétrico de Mann Whitney U. A comparação entre as proporções será avaliada através do teste qui-quadrado ou teste exato de Fisher. O nível de significância utilizado para os testes será de 5%.

Impacto

Nosso projeto pretende desenvolver uma solução digital que aprimore o ensino de medicina interna e semiologia e potencialize o aprendizado dos alunos do curso médico. Acreditamos que esta estratégia possa ter profundo impacto na consolidação de princípios do raciocínio clínico, contribuindo de forma significativa para uma formação médica crítica e sólida. Ressaltamos que nosso projeto, para além de oferecer uma solução apenas para o ensino de raciocínio clínico, também fornece elementos que podem contribuir para soluções de outros desafios do ensino médico, como ciências básicas, saúde coletiva e clínica-cirúrgica. Oferecemos, assim, escalabilidade e a possibilidade da solução crescer em impacto, agregar valor à proposta inicial e atender as demandas de muitos alunos sem aumentar expressivamente os seus custos.

Custo total

R$50.700,00.

Relatório do Projeto

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Como estudante de medicina, mergulhar no mundo da tecnologia para desenvolver um aplicativo de ensino foi uma jornada desafiadora, mas incrivelmente gratificante. Desde a concepção da ideia até a implementação prática, cada etapa foi uma oportunidade de aprendizado. Colaborar com estudantes e dividir tarefas não médicas como programadores e designers, enquanto trazia minha experiência clínica para orientar o conteúdo, foi uma experiência única de sinergia entre a medicina e a tecnologia. Ver o aplicativo ganhar vida e perceber como ele pode impactar positivamente o aprendizado dos estudantes de medicina em todo o mundo é uma sensação indescritível. Essa experiência não apenas aprimorou minhas habilidades técnicas, mas também fortaleceu meu compromisso com a educação médica e me mostrou o poder transformador da inovação na área da saúde.

João Pedro Nardari

Estudante de graduação da Escola Paulista de Medicina

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